Finalmente conheci o famoso Jalapão que já estava na minha lista de lugares desejados faz tempo e superou todas minhas expectativas, abaixo vocês vão entender o porque.
O parque estadual do Jalapão (PEJ), com área de 1589km2, fica a 300 km de Palmas, capital do Tocantins que serve como porta de entrada para a região. Bem perto da divisa com a Bahia, Maranhão e Piauí, o parque abrange 9 municípios, sendo 3 deles os principais, os quais fazem parte do roteiro de todas as expedições: Ponte Alta, Mateiros e São Félix do Tocantins.
- Ponte Alta do Tocantins com 7712 habitantes e 6491km2;
- Mateiros com 2000 habitantes e 9682km2;
- São Félix do Tocantins com 1700 habitantes e 1916km2;
Da densidade demográfica de 0,63 habitante por quilômetro quadrado vem o Nome de Deserto, o Deserto das Águas.
O nome Jalapão vem de uma planta nativa da região aliada à um costume dos boiadeiros que cruzavam a região. Por sua riqueza em água e veredas (tipo de relevo com vegetação rasteira que se mantém verde por todo o ano), o Jalapão recebia grande quantidade de boiadeiros que conduziam seus rebanhos pelas pastagens nativas da região.
Era e é de costume o consumo da raiz da Jalapa (Mandevilla ilustris) como depurativo; normalmente o consumo é feito com o tubérculo fracionado e embebido em cachaça;
Quando os boiadeiros chegavam aos botequins de beira de estrada pediam uma jalapa (dose normal) ou um Jalapão (dose dupla); daí o nome da região.
Em Ponte Alta estão a Lagoa do Japonês, cachoeira da Pedra Furada, o Morro da Pedra Furada, Talhado do Brejo do Boi, Cachoeira do Soninho, passagem do soninho, cachoeira da fumaça, cachoeira do caldeirão, Cânion da Sussuapara, cachoeira do lajeado, cachoeira do brejo da cama, cachoeira do Poço Encantado, Poço Encantado e Nascente do Peixinho.
Em Mateiros estão: Cachoeira da Velha, Prainha, Rio Novo, Dunas, Mirante da Serra do Espírito Santo, Fervedouro do Buriti, Fervedouro do Ceiça, Fervedouro do Soninho, Fervedouro do Buritizinho, Fervedouro do Encontro das Águas, Povoado Quilombola do Mumbuca, povoado do Mumbuca e Cachoeira do Formiga.
Em São Félix estão cachoeira da jalapinha, cachoeira do prata, povoado Quilombola do Prata, Fervedouro Bela Vista, Prainha do Rio Sono, Rafting no rio Sono(Novaventura), Fervedouro do Buriti, Cachoeira da Arara e Morro da catedral (Catedral Ecolodge).
De Palmas onde fica o aeroporto à Ponte Alta são 150km de asfalto (passando por Taquarussu); de Ponte Alta à Mateiros 170km de terra; de Mateiros à São Félix mais 80km de terra; São Félix à Ponte Alta 150km de terra; São Félix à Novo Acordo 150km de terra.
A melhor época de lá vai de maio a setembro. Pois neste período é mais garantido que você terá céu azul, muito calor e pouca chance de chuva, mas se não conseguir ir nessa época não tem problema pois a chuva é passageira e o tempo muda muito rápido mesmo em época de chuva, como essa que eu fui.
A sua mala para o Jalapão não precisa, e nem deve, ser grande, pois os roteiros dificilmente duram mais de uma semana. Além disso, o local é quente e você ficará entrando e saindo de rios e fervedouros todos os dias e mudando de pousada e carregando tudo pra lá e para cá, ou seja, é só colocar roupa de banho, roupas frescas, chinelo, rasteirinha e você está pronta para encarar o Jalapão.
Não esqueçam de por na mala o repelente e fazer uma boa playlist de músicas pois serão dias intensos de estrada e pernilongos.
Vamos lá para meu roteiro de 4 dias feito pela agência Encantos do jalapão.
Dia 1
Saída de Palmas do Hotel Rio do Sono onde me hospedei pois cheguei tarde em Palmas e preferi pegar a estrada pela manhã para Taquarussu, estrada de asfalto 35km-1h.
A primeira parada foi na Cachoeira do Roncador com uma trilha de 1.500m com 160 degraus no caminho, nivel leve, muito linda a cachoeira e a água estava geladinha.
A taxa de visitação é de 10,00 reais porém quando você fecha o pacote com a agência já está tudo incluso, passeios, almoço, jantar e hotel.
Muita gente me perguntou se dava para ir por conta própria, eu NÃO RECOMENDO, mesmo alugando um carro 4×4 pois a maior parte da estrada é de terra, contratando um pacote com a agência você fica mais tranquilo em questão a TUDO e acaba que economiza mais, como eles fecham varias expedições e conhecem tudo eles conseguem um valor melhor do que ir por conta própria, sabem o melhor caminho e horário de cada passeio além de outras coisas.
Voltando na trilha tem a Cachoeira do Escorrega Macaco, metade da outra porém bem bonita também.
De Taquarussu para Ponte Alta leva em torno de 1:30 de estrada de terra 140km.
Saída para a Cidade de Ponte Alta (Portal do Jalapão) onde fiquei hospedada na Pousada Aguas do Jalapão, um fator muito importante é que NÃO TEM SINAL ALGUM DE OPERADORAS DE CELULAR POR LÁ, prepare-se para se conectar com você mesmo.
Na hora fiquei assustada em pensar que eu só iria me comunicar quando chegasse na pousada por Wi-fi mas depois achei ótimo aproveitar todo aquele paraíso sem intervenções.
Final de tarde fui conhecer a Pedra Furada e ver o Pôr do Sol lá de cima é sensacional, assistam tudo em video através dos meus destaques no instagram.
As formações de arenito em meio ao cerrado, esculpidas pelo vento e cheias de aves fazem qualquer um ficar impressionado.
Se as abelhas deixarem, dá para você subir até o topo para acompanhar o pôr do sol com aquela vista do cerrado, da fauna e da flora. O problema é que existe uma colmeia gigante bem no meio do caminho, e nem sempre as abelhas estão afim de visitas, ainda bem que elas deixaram eu e a Nina passarmos por lá para prestigiar aquela vista maravilhosa.
Dia 2
O Cânion Sussuapara: a natureza ali dentro é bem presente, muito barulho de pássaro e um delicioso som de água deslizando devagar como se fosse chuva correndo pelo chão. Uma dica é ir logo pela manhã para pegar os raios solares entrando e iluminando parte do seu interior.
Senti uma paz tremenda lá dentro…
Fui conhecer a “Praia deles” a Prainha do Rio Novo, um dos maiores rios de água potável do mundo.
A água é bem clarinha e morna, só tomem cuidado pois tem bastante corrente, a praia é o ponto final do rafting que não fizemos.
Depois paramos para almoçar na casa de uma família, uma comidinha maravilhosa bem simples, bem caseira parecia de fazenda.
Paramos na estrada para tirar uma foto com o morro do saca trapo e fazer um picnic.
Em cada expedição é possível ir até 4 pessoas + o motorista/Guia por carro, o primeiro dia estava só eu e a Nina e o guia Paulista era uma figura, depois vieram mais duas pessoas para nosso grupo. No fim você acaba que faz tudo junto com essas pessoas. Mari e Jōao foram super parceiros, coitado do João que aguentou 3 mulheres pedindo fotos o tempo todo hehehe…
Para finalizar o dia com chave de ouro não podia faltar o por-do-sol nas Dunas de Jalapão, formadas pela erosão das serras ao redor e contornadas por um rio margeado por várias palmeiras. O lugar parece uma montagem, mas o que mais impressiona mesmo é a mudança de tons que o sol impõe na areia à medida que você vai descendo.
Ficamos lá até o sol se pôr e não queríamos ir embora. Depois de todas as cores citadas acima, ela começou a ficar dourada. Algo inexplicável e lindo de se ver!
Terminamos a noite na Pousada Areias do Jalapão, em Mateiros.
Lá saímos para experimentar a famosa cachaça de Jalapão, de onde vem seu nome, vem da Jalapa, raiz de uma planta da região. Os caboclos faziam uma “cachaça” a partir da infusão da raiz, e vendiam em doses pequenas ou grandes: a Jalapinha e a Jalapão.
Dia 3
Íamos fazer a subida na serra do espirito santo, para ver o nascer do Sol mas amanheceu chovendo muito então não deu para ir e ficou na listinha das coisas que temos que fazer da próxima vez.
Quando a chuva parou fomos para a Cachoeira do Formiga, QUE LUGAR MARAVILHOSO, uma água turquesa que eu nunca tinha visto, um dos lugares mais lindos que já fui na vida.
Isso acontece porque a sua nascente fica logo ali perto da queda, o que evita que a água traga terra e outras impurezas.
Chegou o momento tão esperado do dia, conhecer os fervedouros que são piscinas naturais que não deixam as pessoas afundarem. Isso porque existe uma forte pressão da água que jorra do lençol freático para a nascente e é capaz de manter as pessoas em flutuação, sem nenhum esforço.
o Primeiro foi o Fervedouro do Ceiça, uma pena que só pode ficar 15 min cada grupo de 6 pessoas mas deu para aproveitar um pouquinho e sentir a sensação de pisar em nada sem afundar, no começo fiquei com um pouco de medo mas depois lá estava eu e a Nina uma subindo em cima da cabeça da outra.
A água era verde esmeralda e quentinha cheia de peixinhos, e o fervedouro era rodeado de bananeiras, lugar lindo demais para foto.
Fervedouro do Buriti, foi o que eu MAIS AMEI, sabe aquela água turquesa da cachoeira que falei ali em cima então essa era mais linda ainda e paradinha que dava vontade de só ficar olhando, não sei porque mas neste deu para ficarmos mais tempo e mesmo assim eu não queria ir embora dele.
Essas fotos meia água são feitas com MEU DOME.
Depois fomos conhecer o Fervedouro Encontro das Águas, para chegar até este, atravessamos o Rio Sono a pé (a água chega no joelho e tinha bastante correnteza só levei minha GoPro). Por ele ser menor, só podem entrar 6 pessoas por vez. Enquanto uma parte do grupo foi para o fervedouro, nós esperamos nossa vez no Encontro dos Rios, que é onde o Rio Sono se encontra com o Formiga, uma parte da água é quente e a outra é fria.
Depois fomos conhecer o fervedouro, a água dele não era tão clarinha igual a do meu Buriti rs, mas a pressāo dele era bem maior e brincamos bastante dentro e a areia tinha muito brilho, nos divertimos muito nele.
Comunidade Quilombola
Pudemos ver de perto artesanatos de capim dourado e a cultura quilombola.
Uma curiosidade: foi lá que começou a produção artesanal de capim dourado. Essa espécie de capim dá em campos úmidos em diversas regiões do cerrado. Como diz a tradição, quando chuvisca na vereda, pode ir no dia seguinte que o capim brotou.
Na volta paramos em uma casa bem simples na estrada onde o animal de estimação era uma arara azul a coisa mais fofa e dócil ela vive solta e as crianças mais fofas ainda.
Como se não bastasse todos os lugares que a gente já tinha visitado, ainda fechamos o dia com chave de ouro! Fomos jantar no restaurante da Pousada Bela Vista, dona do melhor fervedouro do Jalapão. Quem se hospeda por lá tem acesso 24 horas ao fervedouro, assim podendo entrar á noite. Não demos muita sorte pois começou a chover e no dia seguinte a água estava toda suja marrom, nada parecido com o que ele realmente é, mais um motivo para voltarmos lá.
A pousada é super bem estruturada e os quartos eram ótimos e a comida maravilhosa, eu pegaria um dia da viagem para ficar só lá aproveitando.
Dia 4
Volta para Palmas, passamos na cachoeira das araras, muito linda!
Pegamos um por-do-sol maravilhoso no caminho…
Eu fiquei apaixonada com a simplicidade do local e com tamanha beleza, quero voltar com certeza e passar mais dias pois tem muitas coisas que não conseguimos fazer.
Agência: Encantos do Jalapão
Apoio: Paixão por viajar
Marcas: Maresia, Mormaii, Canga Flor.
Até a próxima trip!!!
beeijo